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Sinfonia Apocalíptica

Inspirada no poema Alfabeto Apocalíptico, do poeta Italiano Edoardo Sanguineti ( 1930-2010), mais precisamente, na performance do próprio poeta, em Fevereiro de 2004, no Teatro Taborda, junto ao contrabaixista e compositor Stefano Scondanibbio ( http://www.artistasunidos.pt/index.php/arquivo/57-pecas/encontros-e-seminarios/549-postkarten-e-o-alfabeto-apocaliptico-concerto-de-stefano-scodanibbio-e-edoardo-sanguineti )

A SINFONIA APOCALÍPTICA consta de 5 andamentos, cada um com temática e conteúdos específicos, sendo uma obra concebida à maneira "concertante": Orquestra de Cordas, Quarteto de Saxofones ( os solistas ) e Percussão, concebida para a sua estreia pela Sinfonietta de Lisboa, dirigida por Vasco Azevedo, o Artemsax ( Quarteto de Saxofones solista) e Filipe Simões na Percussão.

O poema de Sanguineti crescéu na voz da expressivisima e sincera voz do poeta, com a certeira contextualização de Scondanibbio, de tal forma que deixou uma impronta em um certo espaço do meu arquivo emocional, e veio ser o motor para a Sinfonia Apocalíptica.

1º Andamento :Allegro Rigoroso, uma exposição das cores tímbricas e ambiências dos futuros momentos da obra, um certo elemento quase-pop nas frases das cordas e nas contextualizações da percussão, o quarteto funciona em bloco, ou criando linhas com diversos percursos, diriamos eventualmente diagonais- ascendentes ou descendentes- em desenhos variaveis constantemente, e sem algum tipo de periodicidade ou possibilidade de prever os percursos, sempre de forma muito fluente e carente de qualquer tipo de conflicto ou planteamento complexo do ponto de vista da linguagem. https://www.youtube.com/watch?v=POp3hRtGEPA

2º Andamento: Mural, é uma proposta dominada pela fragmentação propositada, está dedicado, em forma simultânea ao pintor Catalão Joan Miró e à componente transgressora que representam os grafittis, testemunhos riquíssimos em categorias, conteúdos e, sobretodo, espaços. Sabemos que, regra geral, estas obras - não sendo verdadeiros "murais"- muitas das vezes assumem esta categoria pela depurada sofisticação que elas alcançam, e por constituir verdadeiros reflexos da actualidade - social,política,económica... até artística, etc-. Este andamento está concebido com o intuito de refletir o andar dum sujeito qualquer, ao longo dum longíssimo muro, do sul da cidade de Buenos Aires, passando o Parque Lezama (reminiscencias de Ernesto Sábato e Borges ) de noite, em que vai tomando contacto visual com as varias intervenções realizadas pelos muitos grafitteiros. Está feito de pequenos mosaicos ou células que representam diversas geografias estéticas, do jazz ao serialismo integral, da polifonia às texturas ligetianas ou xenakianas, sempre uns poucos segundos, e de seguida, o próximo, com outra tonicidade , e outra velocidade, e outro tratamento dinâmico e tímbrico, sem continuidade ou lógica alguma.

3º Andamento : Marcha Infernal , primeira referência que nos traz a ideia de marcha é a de marcialidade, o espírito marcial, disciplinado, recto, militar, inflexível, trambém será, a marcha, dançável, popular, de parque ou passeio público, mísoca de Domingos de manhã, tendo o seu oposto nas muitas marchas e/ou músicas que a maioria da civilizações utilizaram ao longo de milenios, para alentar os seus exércitos, Dario, Alexando Magno, Julio César... Napoleão, Bolivar e San Martín , talvez os Incas e Aztecas, e Gengis Khan. A Marcha tem o perfume da guerra, dos opostos, da - lamentável- valentía, força, energía e, também,representa os recursos injustos que as guerras carregam, e que se dirigem a eliminar os "contrários", em lugar de constroir hospitáis, escolas, bibliotecas que, como sabemos, parecem ser sempre as víctimas. Este 3º andamento evoca o non senso das incontáveis guerras, batalhas, matalhas ( pelas mais diversas e ridículas razões: fronteiras, heranças, orgulho, puro poder... entre as muitas ridículas causas), tentando o fazer do modo mais próximo do espírito implícito no seu título .

4º andamento : Adagissimo, four solos , tem a particularidade de estar constituido por quatro secções bem diferenciadas, cada uma com uma intervenção a solo de cada um dos integrantes do quarteto de saxofones solistas, e constitui preparação para o 5º e último andamento. Cada um dos saxofones tem dedicada a ele uma textura orquestral e tímbrica peculiar e diferenciada, com graus de tonicidade contrastantes e, como elemento individualizador, cada solista, ao acabar a sua intervenção, sai do palco, até ficar só a orquestra que, retoma com subtileza, a introdução do 5º andamento.

5º andamento:" The hare's passion , et son pincenez intemporel... " título inspirado na obra quase homónima de Ian Anderson e Jethro Tull "The Story of The Hare Who Lost His Spectacles", e constitui um andamento de características peculiares pois é, de facto, uma evocação dum periodo especial dos nosso tempos, o final dos anos 60 ( 68-69 : Maio de 68, Homem na Lua em 69; guerra em Vietname a "meio caminho"- só acabou em 74; mas especialmente, Woodstock,( 15 a 18 de Agosto de 69 , por ventura, provavelmente o 1º grande festival musical multitudinário , modelo para todo o que acontecera nesse terreno nas décadas seguintes). Em este 5º andamento, aparecem citados temas do próprio Ian Anderson, de Jenis Joplin, de Jimmy Hendrix, como alguns dos participantes remarcáveis, em Woodstock, além de gestos , palavras, ou frases atribuidas aos solistas ou aos integrantes da orquestra.


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